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Mais? Nem precisa, porque esses quatro setores são a base do desenvolvimento de qualquer país, e vamos mal nos quatro.
É claro que há aqueles que estão pior do que nós, aqueles que a guerra dizimou, que a intolerância religiosa destruiu, aqueles em que que os jogos de poder se sobrepõem ao respeito pelo cidadão… Mas será isto consolo?
De todas estas questões que nos perturbam estou mais perto da saúde.
Lá o país fez algumas escolhas, há muito tempo, que se revelaram equivocadas. Há mais de cem anos escolhemos o modelo americano de medicina, baseado no uso intensivo da tecnologia e na hospitalização como alternativa precoce de tratamento. Nossas escolas de medicina seguem o modelo flexneriano desde 1902: especialização crescente como regra, ensino baseado no predomínio exclusivo dos aspectos físicos em detrimento do psiquismo e das questões espirituais.
Estas são as bases do que vemos hoje como realidade da saúde: uma estrutura cada vez mais cara para um país pobre como o nosso, médicos que dependem exclusivamente de artefatos sofisticados para o diagnóstico e o tratamento, especializados em partes pequenas do conhecimento integral que seria necessário para tratar de pessoas que ainda morrem de fome e de doenças contagiosas.
Médicos que se desgastam numa luta menor com os demais profissionais da saúde, polarizados todos numa tensão absurda para definir quem é mais importante do que quem.
Governos que se perderam na farra fácil da pouca seriedade e que, às tontas, se movimentam cada vez mais em direção ao caos.
Cidadãos de bem que se esconderam por muito tempo atrás de conceitos baratos como “o Brasil é assim mesmo” até perderem o hábito de pensar e de escolher com seriedade.
Jovens que não encontram motivação maior para as suas escolhas do que “pelo menos médico não fica sem emprego” ou “se tudo o mais der errado, tem sempre um plantãozinho”.
Triste realidade esta nossa… Mais: envergonhante realidade esta contra a qual, assustados, resolvemos lutar.
Mas, atenção: sabemos o que queremos, como nação? Temos maturidade para escolher a luta certa, e não apenas a mais conveniente para cada um de nós?
Porque, se não estamos dispostos a crescer, afinal, como cidadãos, melhor cochilar de novo em silencio até o próximo aumento de agem!