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Quando a vida é muito dura, quando ela é indigna, quando a solidão é a sua marca, até parece que, na comparação, a morte é bela.
Às vezes até parece que a morte se esqueceu de alguém e vai deixando a pessoa esquecida e sem referência, quase um estranho da vida; aí até parece que chamar por ela é um ato de misericórdia.
Mas quando ela vem sem aviso, sem lógica, arrancando a vida com violência, sem nenhuma consideração, sem que se possa suspeitar da dor, como no suicídio, então ela parece mais, muito mais cruel…
E quando ela ataca um jovem, então, que começava a sonhar e a experimentar a liberdade de ousar e de construir a vida, todos nos sentimos lesados.
Mais: chocados, culpados, atônitos, sofridos.
Qual o tamanho da dor da desesperança que atinge um jovem na calada da noite e que emudece o grito de desespero de forma que ele não seja ouvido?
Este jovem que sofre assim tão dolorosamente não tem nome nem endereço fixo: são todos os jovens de hoje, vivendo no limiar de uma sociedade perplexa!
As taxas de suicídio entre os jovens já são a terceira causa de morte no Brasil. A primeira e a segunda são igualmente injustas, violência urbana e acidentes.
Chocante? Muito…
As drogas, a bebida sem limites, a família cansada da luta pela sobrevivência e perplexa por não entender a vida frenética e competitiva de hoje, a espiritualidade que se escondeu na sombra quando o materialismo começou a ser o novo deus do homem, a impunidade que se impôs sorrateiramente em meio aos valores éticos, destruindo a seriedade de viver: os especialistas apontam estas como as principais causas desta fuga em massa da vida pelos jovens.
Isto assusta, porque não é tarefa fácil a de rever valores.
Por outro lado, o preço do medo de revolucionar a vida, a vida individual e a coletiva, a de dentro de casa e a da vizinhança, anda muito difícil de pagar.
São meninos e meninas que prometiam viver o futuro que sonhamos, que se despedem derrotados.
E nós, os que ficamos, ficamos todos derrotados também, tristes e culpados. Não é um sentimento bom…