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Cuidados Paliativos () devem ser oferecidos a todos (as) os (as) pacientes do SUS que deles necessitem, em todo território brasileiro. Isto quer dizer que cerca de 70% dos (as) doentes tratados pela rede pública de saúde têm direito a receber Cuidados Paliativos de qualidade quando necessitarem, o que significa que será desde o diagnóstico até a morte para o doente, e depois da morte, no luto, para os (as) familiares.
Estou feliz com isso? Claro, e não poderia ser diferente… Políticas públicas de incentivo à criação de Serviços de , distribuição de analgésicos adequados, especialmente opióides, são o mínimo que se espera de um país que pretenda investir com seriedade na qualidade de vida dos (as) doentes crônicos e suas famílias.
Tenho esperança de que a desonrosa posição que ocupamos no mundo quando se fala de qualidade de morte seja logo alterada para melhor? Não, e também não poderia ser diferente…
Além das dificuldades óbvias como carência de recursos, tamanho do país, diferenças regionais, vontade política dos governantes, desconhecimento pelo público leigo e tantas outras elencadas sempre que se tem que implantar uma política nacional de saúde, enfrentaremos talvez nos próximos tempos, a maior delas: a resistência dos profissionais, especialmente os médicos!
Nós, médicos, somos fortemente estimulados a curar, como se essa fosse a única função da medicina. Somos pressionados a manter a vida a qualquer custo, mesmo que apenas o corpo tenha sobrevivido. Somos instigados a evitar a morte a qualquer preço, como se aceitar a morte fosse derrota do saber médico.
Nossa tecnologia brilhante precisa ser incansavelmente usada para que tenhamos a ilusão da eternidade e assim podermos nos alçar à posição de divindades.
Mas é um o, e gigantesco.
Vai levar muito tempo, é verdade, mas um dia acontecerá: todos (as) os (as) cidadãos (ãs) brasileiros (as) terão direito a receber o melhor dos cuidados que uma equipe multiprofissional tenha em mãos para oferecer a quem adoece de uma doença crônica e que levará um dia à morte.
E de onde eu e Marco estivermos, nós veremos nosso sonho realizado e seremos muito felizes!
Maria das Graças Mota Cruz de Assis Figueiredo
Profa. Adjunta de Tanatologia e Cuidados Paliativos
Faculdade de Medicina de Itajubá – MG