Li de Rachel de Queiroz, “Confissão do engolidor de espadas”, uma resposta para os leitores que se manifestaram sobre seu artigo “Não escrevam”. Escrevo diretamente para a escritora, como se viva estivesse e pudesse ler minhas mal traçadas linhas: 121r3w
Querida Rachel, gostei tanto do que você escreveu, gostei tanto das pessoas que sentiram necessidade de expor seu protesto diante de seu conselho para não escreverem. Como você mesmo ressalta, nem todos que leem têm ambições literárias, na verdade, a grande maioria lê porque gosta de seus artigos, porque se acostumaram às conversas semanais sobre temas cotidianos de quem já viveu mais do que viverá. Ler suas crônicas é para eles um oásis no deserto.
E o que mais me encantou foi essa maioria que simplesmente gosta de ler e assim, exprimiu sua solidariedade e gratidão que sentem por você, pelos escritores que trabalham, faça chuva, faça sol, se desnudando, mostrando suas tristezas, suas alegrias e esperanças. Rachel, por tabela me apossei do meu quinhão. Entro aqui pela porta dos fundos, sim, porque não sou nenhuma Rachel de Queiroz como você, apenas a Misa, a segunda filha da Zezé do Tote, que se meteu a escrever depois de aposentada. Tenho cá meus seguidores e seu carinho compensa o esforço prazeroso de transportar para a tela meus pensamentos e sentimentos.
Sim, concordo que somos vaidosos, complicados e deformados. Como você bem disse somos como aqueles que trabalham no Circo, que voam pelos ares saltando dos trapézios e os que engolem espadas, para tanto tendo que dilatar a garganta. Concordo que a grande sensibilidade machuca. E para mim, escrever é soltar o pássaro angustiado que não a as grades.
Adorei você falar sobre nossa recompensa: a amizade dos leitores e sua compreensão, palavras suas, Rachel. Adorei quando você disse para você mesma: “Escreve, criatura, escreve. Arranja uma história alegre ou triste, mas escreve.” É verdade, querida escritora, precisamos escrever porque as pessoas precisam de histórias verdadeiras que as acalentem, que as façam rir ou chorar. Por isso amo ser cronista.
Misa Ferreira é autora dos livros: Demência: o resgate da ternura, Santas Mentiras, Dois anjos e uma menina, Estranho espelho e outros contos, Asas por um dia, Na casa de minha avó e Ópera da Galinhinha: Mariquinha quer cantar. Graduada em Letras e pós graduada em Literatura. Premiada várias vezes em seus contos e crônicas. Embaixadora da Esperança (Ambassadors of Hope) com sede em Calcutá na Índia. A única escritora/embaixadora do Brasil a integrar o Projeto Wallowbooks. Desde 2009 Misa é articulista do Conexão Itajubá, enviando crônicas e poemas. Também contribui para o jornal “O Centenário” de Pedralva.