A recente decisão do Governo Federal de contingenciar R$ 31,3 bilhões no orçamento e a tentativa de aumentar o IOF, que foi rapidamente revertida, reacenderam o debate sobre como as políticas econômicas afetam diretamente a vida financeira dos brasileiros. Para esclarecer essa conexão, os professores André Medeiros e Moisés Vassallo, coordenadores do Grupo Denarius, dedicado à educação financeira, trazem reflexões sobre o impacto dessas medidas no dia a dia da população. 472d6y
Segundo o professor André Medeiros, a situação pode ser comparada ao orçamento doméstico. “Quando falta dinheiro em casa, ou você corta gastos, ou busca uma renda extra. O governo enfrenta o mesmo dilema. Para cumprir a meta de déficit zero, ele precisa cortar despesas ou aumentar a receita, e foi isso que tentou fazer com o congelamento de R$ 31,3 bilhões”, explica. Ele destaca que, embora o aumento do IOF tenha sido descartado, o corte no orçamento permanece, o que pode impactar diretamente empresas que prestam serviços ao governo federal, atrasando pagamentos ou renegociando contratos.
O professor Moisés Vassallo complementa, alertando para os efeitos em cadeia. “Quando o governo corta investimentos, deixa de gerar empregos e renda. Um fornecedor da Unifei, por exemplo, pode ter pagamentos atrasados, o que afeta seus funcionários, que, por sua vez, gastam menos no supermercado local. É uma reação em cadeia que chega ao bolso de todos”, afirma. Ele ressalta que o governo, assim como as famílias, precisa planejar melhor suas finanças para evitar crises recorrentes. “O Brasil tem uma máquina pública grande, mas pouco eficiente. Cortar gastos é necessário, mas deve ser feito com responsabilidade, preservando o que é essencial para a população”, defende.
Os professores também reforçam a importância da educação financeira para enfrentar esses desafios. “Se as famílias tivessem criado uma reserva financeira nos tempos bons, estariam mais preparadas para períodos de turbulência”, destaca André Medeiros. Ele sugere que os brasileiros ajustem suas expectativas e planejem a longo prazo, assim como o governo deveria fazer. “Se não conseguimos planejar nossas finanças pessoais, como cobrar planejamento de quem nos representa?”, questiona.
Moisés Vassallo enfatiza que o corte orçamentário, embora não seja novidade, reflete a falta de planejamento de longo prazo. “Já vimos cortes de R$ 80 bilhões, até R$ 100 bilhões em anos anteriores. O problema é quando esses cortes afetam áreas essenciais ou quando não há eficiência na gestão. Precisamos de representantes que pensem além do ciclo eleitoral”, argumenta.
A mensagem dos especialistas é clara: a educação financeira é uma ferramenta poderosa para proteger as famílias e fortalecer a economia. “Planejar, poupar e evitar dívidas desnecessárias são os fundamentais. Assim como o governo precisa equilibrar suas contas, cada cidadão deve cuidar do seu orçamento para enfrentar imprevistos e construir um futuro mais seguro”, conclui André Medeiros.
Leia o artigo do Grupo Denarius: COMO ANDA A SUA VIDA FINANCEIRA? E A ECONOMIA DO BRASIL? JÁ PENSOU COMO UMA COISA ESTÁ LIGADA À OUTRA?