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Nesse mundo conturbado, violento e feroz onde vivemos, quantos homens traem o significado e a importância desse papel…
Pais que abandonam os filhos, pais que traem vergonhosamente a sua confiança, pais que se aproveitam da fragilidade e da dependência dos filhos, pais que inundam a vida dos filhos de péssimos exemplos morais. A lista é infindável, desgraçadamente.
Mas para cada um desses a vida replica com outro que reacende a esperança na vida e no amor.
Lembro-me de vários pais maravilhosos que conheci ao longo desses anos todos na profissão de cuidar de pessoas que se aproximam da morte.
Mas um, em especial, me faz virem lágrimas aos olhos até hoje, ados muitos anos.
Ele e a esposa eram jovens quando tiveram o primeiro filho. Queriam ter pelo menos três, se possível com idades próximas. Faziam planos para a casa que construiriam logo que nascesse o primeiro: rodeada de árvores onde teriam uma casa de brinquedo, um pequeno campo para esportes, dois cachorros e muitos pássaros.
Nasceu o Lucas. Dois meses depois uma doença neurológica rara se manifestou e anunciava um futuro terrível: deficiência motora e neurológica graves até a morte que, pelas estatísticas, demoraria bastante.
A mãe não resistiu: suicidou-se poucos dias após o diagnóstico.
Hoje já lá se vão 13 anos. Lucas segue como um bebê grande. Carinhoso, alegre, totalmente inconsciente do seu próprio drama. Balbucia com esforço algumas palavras, o bastante para falar das suas necessidades básicas.
O pai do Lucas? Bem… não sei como chama-lo: é a mãe mais extremosa que conheço, dentro do corpo de um homem. Não se casou, não tem outros filhos, construiu uma casa totalmente adaptada às necessidades do filho. Sem a casa na árvore, que o Lucas não poderia, mesmo, escalar.
Lucas, dê um daqueles seus sorrisos enormes para o seu pai por mim.
Este é o Pai de quem me lembro quando o mundo me assusta…