A chegada de um filho transforma qualquer pai. Mas quando o diagnóstico de Trissomia do 21 (T21), conhecida como Síndrome de Down, entra em cena, muitos pais enfrentam um turbilhão de sentimentos: medo, incerteza, preocupação — e, aos poucos, um amor profundo e incondicional. 5k3a5y
A paternidade de uma forma geral exige, antes de tudo, aceitação e acolhimento, e quando a paternidade é acompanhada da diversidade, o desafio é ainda maior, principalmente, porque temos a visão de que os homens são ensinados a serem fortes, a “resolver tudo”, e podem se sentir “acuados” quando percebem que esse desafio exige mais escuta do que ação imediata, mais paciência, mais carinho e atenção. Entendo que é justamente nesse momento, que nasce a oportunidade de uma nova forma de “ser Pai”: com mais presença, mais sensibilidade, mais amor e com uma maior consciência do verdadeiro papel de PAI.
Mas infelizmente, muitos “pais”, após descobrirem o diagnóstico, se afastam dos filhos, das esposas e de si mesmos. O abandono paterno em casos de deficiência ainda é uma realidade dura – “estudos revelam que uma porcentagem significativa de pais abandona a família quando um filho nasce com deficiência, especialmente antes que a criança complete 5 anos. A pesquisa do Instituto Mano Down mostrou que 73% dos pais homens abandonam filhos com deficiência intelectual antes dos 5 anos. Outros estudos indicam que essa taxa pode ser ainda maior, chegando a 78% em casos de crianças com doenças raras ou síndromes raras, como aponta o Instituto Baresi.”
Por isso, hoje eu enxergo que, ser um pai de criança com T21 é, muitas vezes, ser um pai atípico não apenas por ter um filho com deficiência, mas por fazer parte de uma minoria que escolheu ficar, cuidar, aprender e crescer junto.
Como pai do Rafa, que tem 13 anos e tem a T21, agradeço a Deus todos os dias pela oportunidade que Ele está me proporcionando, e afirmo que todos os dias, aprendo a valorizar mais o tempo, aprendo com cada conquista dele (por menor que pareça), pude desenvolver uma maior empatia, que me ajuda também nas relações pessoais. Essa jornada, ainda que inicialmente marcada por incertezas, preocupações e medos, costuma revelar um caminho atípico de muito crescimento, de muito amor e dedicação em busca de um propósito, que o Rafa possa ser o mais independente possível, que seja aceito do jeito que é, que ele possa ser o que ele quiser e que tenha as mesmas oportunidades como qualquer pessoa típica.
Assumir a paternidade de uma criança com T21 não é apenas “lidar com um diagnóstico”: é acolher um ser humano único, cheio de potencial, personalidade e afeto. E é também um convite para se tornar um pai mais inteiro, mais presente e mais humano.
Eduardo Hideo Sato – Pai do Rafael Gomes Sato de 13 anos e que tem a T21 e idealizador e coordenador da 1ª equipe de Futsal Down do Sul de Minas, o @t21arenapark.