Um sonho muito curioso 134a4i

Aprendi sobre a importância dos sonhos com o psiquiatra Carl Gustav Jung. Aluno de Freud, seguiu-o em muitos conceitos, mas na maior parte das vezes andou à frente do grande mestre, também. 661v3b

Trouxe para a compreensão do ser humano muito do conhecimento milenar da alquimia, da astrologia, dos mitos, mostrando o quanto as ideias e as emoções são eternas, embora se “modernizem” continuamente.

Ele afirma que o nosso inconsciente, tanto o pessoal como o coletivo, se comunicam com o nosso consciente, e o resultado final é promover o nosso desenvolvimento individual, que ele chama de individuação. Essa conversa ente as três instâncias, quem faz são os sonhos.

Pois bem: já faz algum tempo que um sonho me acompanha em muitas noites. O assunto central é sempre o mesmo, mas ele se repete em muitas e muitas imagens. 

Marco e eu moramos numa bela casa, bem ampla, clara e arejada, que se parece com a que eu construí quando, pela primeira vez, me mudei para o mato. Lá estamos sempre com muitos amigos, com os meus pais, meus filhos ainda pequenos, e parecemos todos muito felizes.

Em algum momento eu me lembro que estamos construindo uma outra casa não muito longe dali. Nós nos mudaremos para a nova casa e esta onde estamos ficará para todos os que estão ali conosco.

Eu e ele vamos, então, ver como está a nova casa, e ela é linda. Não sei bem porque, mas quando estou acordada e me lembro dos detalhes dela, fico muito emocionada. Ela está ainda em construção, e nós andamos por todos os locais dela, encantados e muito felizes, antecipando o dia em que nos mudaremos.

Isso acontece seguidamente em muitas noites, e a construção parece caminhar com uma lentidão que não me agrada, mas o Marco, como fazia sempre quando era vivo, me diz: “Calma, mesmo que demore, um dia vai acontecer.”

Quando ele dizia isso estava se referindo aos Cuidados Paliativos entre nós; agora ele me pede que espere para me mudar com ele para a casa nova.

Não posso deixar de ter uma leitura quase textual desses sonhos.

E você, leitor, arrisca um palpite?

Dra. Graça Mota Figueiredo

Professora Adjunta de Tanatologia e Cuidados Paliativos. Faculdade de Medicina de Itajubá – MG